Esta é a parte 2 do meu Diário de Bordo: Do Brasil ao Canadá. Se, por acaso, você está chegando aqui agora e perdeu a primeira parte, leia na íntegra aqui!
Quando a pandemia chegou, eu trabalhava em uma empresa bem importante do setor de eventos de negócios e em março de 2020, passamos a trabalhar em home-office. Eu e muitos outros colegas de trabalho acreditávamos que logo voltaríamos ao escritório e entregaríamos os eventos presenciais normalmente. Depois de alguns dias que eu já estava trabalhando em casa, a empresa que meu marido trabalhava também optou pelo trabalho remoto.
Nós contávamos os dias e as semanas para a chegada de nossa tão esperada aprovação (nós nos proibimos de pensar na possibilidade da negativa) e acreditávamos que as 9 semanas de retorno que constava no site do Governo Canadense ainda estavam valendo. As semanas foram passando e as notícias eram cada vez mais desanimadoras. O fechamento do VAC foi um soco no estômago. O tempo foi passando e o prazo de retorno do visto no site do Governo foi aumentando. De 9 semanas para 16, de 16 para 23 e de 23 para 26….até que paramos de olhar o site.
Meu marido já estava bem desanimado com o emprego dele e em junho de 2020 foi demitido. Eu amava trabalhar naquela empresa e agora precisava arcar com todas as contas de casa, mas minha cabeça já não estava mais focada naquela realidade. Minha filha, estudante da área da saúde, foi convidada a participar de um projeto científico que envolvia a Covid-19 e precisava ir para o Hospital 2 vezes na semana para dar andamento a sua pesquisa. Eu estava enlouquecendo, literalmente! A essa altura do campeonato, parecia que desistir do Canadá era a melhor opção! Comecei a ter crises de desespero, choro e noites de insônia também em junho de 2020. E o tempo continuou passando, preocupados comigo, meu marido e minha filha me incentivavam a procurar um médico, mas eu não acreditava que estava com algum problema, até que, em dezembro, resolvi procurar um médico. Além de tudo que estávamos passando, mais um obstáculo foi descoberto. Fui diagnosticada com depressão, precisei tomar remédios e fazer terapia semanalmente.
IMPORTANTE: Eu demorei bastante tempo para entender o que estava acontecendo comigo. Cuide-se e ao menor sinal, procure por especialistas. Nós temos parceria linda com a Psymood, empresa de apoio a saúde mental para imigrantes, refugiados e minorias com base em seu idioma e formação cultural. Se precisar, entre em contato com eles e agende um bate-papo.
Não quero fazer desse texto um chororô! Tive muito apoio da minha família e amigos e mesmo em meio a pandemia, eu pude contar com a presença física e virtual deles! Minha fé também me ajudou e eu me reaproximei de Deus. Fui melhorando aos poucos. Meu marido começou a procurar emprego em janeiro de 2021 e em menos de 20 dias já estava recolocado profissionalmente. Pensa em um cara feliz? Era ele! Animado com o trabalho, os pares, o chefe e tudo o mais que vocês podem imaginar!
Mais alguns dias se passaram e eu já estava me sentindo melhor. Nós já tínhamos parado de pensar na mudança e estávamos “vivendo o Brasil”. Chegamos a pensar em comprar um apartamento, trocar o carro, enfim…na nossa cabeça, permaneceríamos lá.
Dia 08 de março de 2021, eu estava trabalhando e meu telefone toca. Na tela estava escrito “Fernanda Isquierdo is calling”. Respirei fundo e atendi, confesso que pensando que viria uma negativa ou apenas um “Oi, como vcs estão? Não temos novidades ainda, mas fiquem firmes, estou monitorando o caso de vocês.” Eu não me lembro direito nem do começo, nem no final da ligação, mas depois de 55 semanas (sim, cinquenta e cinco), finalmente, chegou a notícia tão esperada:
VISTOS APROVADOS!
Que comecem os jogos e a correria e se você acha que acabou aqui, está enganado. Ainda tem chão!
Semana que vem, publicaremos a parte 3!
Artigo e relato por Gabrielle Gentil.
Leia também: Diário de Bordo: Do Brasil ao Canadá
2 Comments
Ótimo depoimento, que sirva de aprendizado para que as pessoas nunca desistam de seus objetivos, seja minguar para o Canada ou qualquer outro desafio.
Realmente o processo é bem sofrido, em vários aspectos, e por isso muitos acabam desistindo de realizar o sonho. Casal que sonha junto, realiza! Parabéns a todos que persistem.